sábado, 28 de dezembro de 2013

Relatos da História IX

Os organizadores do movimento constitucionalista esperavam que a luta tivesse uma rápido desfecho, pensavam que a luta seria uma passeata até a capital da República e que o ditador Getúlio Vargas cederia às pressões. Enganaram-se! A luta durou mais tempo do que pensavam e para ela não estavam preparados. Desde o início dos combates, as forças constitucionalistas enfrentaram a escassez de material bélico - armas, munições, meios de transporte, etc.
Quando iniciou a guerra, a Força Pública Paulista possuía mais de 8.000 fuzis e 3.000.000 de cartuchos, os quais estavam imprestáveis, enquanto os fuzis "se escangalhavam depois de dar três tiros". Dos "fuzis, aliás, os mais novos - cerca de 40% do total - eram modelo 1908, enquanto o resto datava até de 1893. Da 2ª Região a FPP recebeu mais 7.800, mas 36% deles eram modelo 1895 descalibrados". (S. Hilton). Além deste material, as forças constitucionalistas contavam com mais 50 canhões, 149 metralhadoras e 525 fuzis-metralhadoras espalhados pela região.

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Relatos da História VIII

O jornal O Estado de S. Paulo procurava explicar, aos seus leitores, as origens do movimento: "O movimento revolucionário de caráter constitucionalista que ontem irrompeu em São Paulo, é consequência de uma série de fatos anteriores, que começa a ser possível reconstituir através do depoimento dos seus supremos responsáveis e das próprias circunstâncias.
As negociações de índole política que ultimamente se desenvolveram, caracterizaram com nitidez o profundo dissídio que se estabelecera entre a ditadura, a propender para as correntes extremistas e as mais ponderáveis forças políticas do país, representadas pelas frente únicas, a reclamar a mais breve reconstitucionalização. Os entendimentos sucessivos, que se realizaram no Rio de Janeiro, ora no Rio Grande, em São Paulo e Minas, tendiam a encaminhar o Governo Provisório no rumo da restauração legal, para o que se reclamava, menos do que as palavras e promessas protelatórias, um conjunto de atos positivos e de medidas concretas, que revelassem o inabalável propósito de restabelecer quanto antes a ordem legal.
Nesse sentido, foi que se concertaram todas as condições para a remodelação do ministério do Governo Provisório da República. São conhecidas as circunstâncias que, nestes últimos dias, impediram a efetivação desse propósito, com o rompimento consequente das frentes únicas com a ditadura. Ao mesmo tempo que se desenvolviam essas negociações políticas, os chefes das diversas correntes partidárias, notadamente de São Paulo e do Rio Grande, encaminhavam a articulação das forças militares e populares, que seriam mobilizadas em caso de fracasso dos entendimentos políticos. Pode-se ter uma ideia da intensa atividade desenvolvida por esses elementos, através de um simples detalhe: nesses últimos dois meses nada menos de onze enviados especiais seguiram para o Rio Grande do Sul, fazendo sempre a viagem por via aérea. 
Em consequência desses entendimentos estabeleceu-se uma sólida aliança entre os Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e, ultimamente, Minas Gerais, além das ramificações em outros Estados,, com a Capital Federal, Paraná, Santa Catarina e outros".
Na noite do levante, Vargas, procurando assegurar o apoio de Minas Gerais, telegrafou a Olegário Maciel, pedindo a cooperação dos mineiros para sufocar o levante "nitidamente reacionário", que acabava de eclodir em São Paulo. No Rio Grande do Sul, o interventor Flores da Cunha, que chegara a participar das conspirações contra o Governo Provisório, acabou reafirmando seu apoio a Vargas, e assim procederam os demais governos estaduais.
Ao precipitarem o movimento armado sem ter a certeza do apoio de outros estados, fiando-se nas palavras - e apenas nas palavras - de alguns dissidentes do novo regime e sem o apoio das forças militares do Mato Grosso, os paulistas marcharam sozinhos para uma guerra contra o Governo Provisório.

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista.Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Relatos da História VII

Às 21 horas, segundo o Coronel Figueiredo, São Paulo já estava sob o controle dos constitucionalistas. No entanto, duas medidas, de fácil execução, precisaram ser tomadas, com o objetivo de assegurar a vitória do movimento: manter a unidade política do movimento e apossar-se do Quartel-General da 2ª Região Militar. Esta última medida foi executada no mesmo dia. Com o afastamento do Coronel Manuel Rabelo do comando da 2ª RM, assumiu provisoriamente o Coronel Artur Lopes de Castro Pinho, amigo do Coronel Figueiredo. O comandante das forças constitucionalistas persuadiu o amigo a entregar o comando sem resistências, o que de fato ocorreu. Quanto à questão política do movimento, tanto militares como civis concordaram que a permanência do embaixador Pedro de Toledo à frente do governo seria a garantia de uma não ruptura entre as forças políticas (PD e PRP) do movimento. Após relutar um pouco, o interventor Pedro de Toledo aderiu ao movimento e, na tarde do dia 10, enviou um comunicado a Vargas, onde afirmava: "Esgotados todos os meios que ao meu alcance estiveram, para evitar o movimento que acaba de verificar-se na guarnição desta região, ao qual aderiu o povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos do meu Estado. Impossibilitado de continuar a cumprir o mandato (...) venho renunciar ao cargo de Interventor". No dia seguinte, Pedro de Toledo aclamado governador do Estado, assumindo com os líderes do PD e do PRP o comando político do movimento constitucionalista, enquanto o comando militar ficou a cargo do general Bertoldo Klinger, que chegou em São Paulo três dias após ter iniciado o levante.
No mesmo dia em que Pedro de Toledo renunciou à interventoria, o genral Isidoro Dias Lopes e o coronel Euclides Figueiredo lançaram um manifesto assumindo as responsabilidades do movimento e pedindo à população "ordem, serenidade e disciplina".

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 23 de novembro de 2013

Relatos da História VI

Os líderes paulistas marcaram para 14 de julho a data do início da rebelião contra o Governo Provisório. Contudo a demissão do general Bertoldo Klinger do comando das forças militares sediadas no Mato Grosso, em virtude de um ofício que enviara ao ministro da Guerra negando-lhe obediência, precipitou a eclosão do levante. E, em 9 de julho de 1932, começou a Guerra Civil Paulista. Sob o comando do coronel Euclides Figueiredo, as tropas da Força Pública e do Exército, com o apoio de populares organizados pelo M.M.D.C. (homenagem aos quatro estudantes mortos numa manifestação contra o governo: Cláudio Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Américo Camargo de Andrade), dominaram os principais pontos estratégicos da capital paulista. Políticos e militares procuraram o coronel Figueiredo para lhe dar apoio ou anunciar a sua adesão ao movimento.

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 16 de novembro de 2013

Relatos da História V

Em 9 de julho de 1932, Vargas concordou com o último pedido do interventor de São Paulo, Pedro de Toledo, nomeando o general Luís Pereira de Vasconcelos, um militar moderado, para o comando da 2ª Região Militar, em substituição a Manuel Rabelo. O general Góis Monteiro não acreditava num movimento armado por parte de São Paulo contra o Governo Provisório. Vargas havia feito todas as concessões: os paulistas queriam um interventor civil e paulista?! Vargas nomeou o embaixador Pedro de Toledo. Queriam um secretariado do comando da 2ª R.M. o coronel Manuel Rabelo. Mesmo assim, o general colocou a 1ª Região Militar em estado de alerta.

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 9 de novembro de 2013

Relatos da História IV

A demissão de Laudo de Camargo, em 13 de novembro de 1931, levou a oposição paulista, que até então fizera ataques somente aos "tenentes", a criticar o próprio Vargas.
No entanto, Vargas continuou a manter uma postura ambígua. Não se opunha à reconstitucionalização do país, defendida também pelos seus aliados políticos do Rio Grande do Sul, cujo objetivo imediato era deter o avanço dos "tenentes", uma vez que representavam um perigo de derrubada das suas bases políticas; mas, no segundo semestre de 1931, nomeava novos interventores para vários estados, na sua maioria "tenentes". O próprio Vargas justificou, em carta dirigida a Flores da Cunha, o porquê da nomeação dos "tenentes"; achava-os "idealistas e ilustrados", que, "não pretendendo permanecer no poder, nem pleitear eleições, despreocupavam-se de criar clientelas políticas e visavam somente administrar e restringir despesas". Não era sem razão a aliança de Vargas com os "tenentes", ambos eram favoráveis à permanência da ditadura a fim de efetivar as reformas iniciadas pelo movimento de 30 para, somente depois, realizar uma consulta popular.

Fonte: Pereira, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

domingo, 27 de outubro de 2013

Relatos da História III

Vitoriosa a Revolução, tem início a reorganização do Estado. Vargas, presidente provisório, nomeou interventores para os estados-membros. Para quase todos nomeou "tenentes": na Bahia, Juracy Magalhães; em Sergipe, Maynard Gomes; no Distrito Federal, Pedro Ernesto; no Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, enquanto que em alguns eram nomeados civis ou confirmados aqueles que tinham tomado posse.
Nem bem assentou a poeira, os derrotados, as oligarquias da República Velha trataram de abandonar suas velhas lideranças e correr para estes novos chefes, principalmente para os "tenentes", a fim de assegurar as suas posições.
Em São Paulo, as forças revolucionárias entraram em conflito. O Partido Democrático, constituído em fevereiro de 1926 por adversários do presidente Washington Luís, chegou a integrar-se à Aliança Liberal nas eleições de 1930 e a preparar a revolução neste estado. Com a vitória do movimento, os democráticos esperavam que o interventor de São Paulo viesse do seu partido e, ainda mais, esperavam "desempenhar um papel de destaque na administração do estado em cooperação com outras correntes reformistas". Mas os líderes revolucionários, principalmente os "tenentes", pensavam diferente. Alegavam que a ação do Partido Democrático, durante o movimento revolucionário, ficara apenas no terreno das palavras e, por esse motivo, opunham-se a entregar o poder estadual aos democráticos ou a qualquer político paulista.

PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

domingo, 20 de outubro de 2013

Relatos da História II

O ministério de Vargas mostrava a heterogeneidade das forças que apoiaram e conduziram a Revolução de 1930. Integravam o ministério elementos do movimento tenentista, como Osvaldo Aranha e Juarez Távora, membros da Junta Governativa, além de elementos das oligarquias dissidentes do antigo regime, forças que, unidas pelo mesmo objetivo, divergiam quanto aos rumos da revolução.
Os "tenentes" desejavam reformas radicais, que, segundo eles, só poderiam realizar-se com a quebra do poder das oligarquias e com o prolongamento da ditadura. Por outro lado, as oligarquias também desejavam reformas, desde que estas não alterassem as estruturas da sociedade brasileira e restabelecessem o jogo político rompido em 29.
É este quadro, o do confronto de forças tão antagônicas, que determinou a ação de Vargas à frente do governo Provisório. Ao mesmo tempo que endossava o projeto político de restabelecimento do estado de direito no país, mantinha fechadas as Casas Legislativas em todos os níveis. Quando concordava com a necessidade da convocação de uma Assembleia Constituinte, aproximava-se das oligarquias, pois, para elas, a convocação desta assembleia significava a possibilidade de retomar as posições políticas perdidas após a Revolução de 30. Com a mesma facilidade aproximava-se dos "tenentes" e de seu projeto político de centralização.
Com esta postura, Vargas permitiu a polarização das forças políticas que compunham o seu governo. De um lado os "tenentes", que fundaram em 1931 o Clube 3 de Outubro; do outro, as oligarquias preteridas ou excluídas do poder, que agruparam-se, em São Paulo, no Partido Democrático (PD).
Esta postura, nem moderada e tampouco centrista, mas ambígua, também era assumida por Vargas em relação às questões econômica e social. Ao mesmo tempo em que retirava o comando da política cafeeira da esfera estadual, substituindo o Instituto do Café do Estado de São Paulo pelo Conselho Nacional do Café, mais tarde Departamento Nacional do Café (1933), Vargas procurava atender aos interesses da burguesia cafeeira, pois o café era o principal produto de exportação. Quanto à questão social, a postura do governo Vargas não foi diferente. Se não tratava o problema social como um simples caso de polícia, procurava controlá-lo com os instrumentos de representação profissional, dos sindicatos oficiais, apolíticos e numericamente restritos". Enfim, adotava medidas com o objetivo de esmagar o movimento sindical brasileiro.


Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 12 de outubro de 2013

Relatos da História I

A vitória do candidato , Júlio Prestes, nas eleições à presidência do Brasil, em 1929, desencadeou um movimento armado, que culminou com a queda do governo. Só que este movimento, conhecido como "Revolução de 1930", representou não só a queda de um governo, mas "a queda do poder hegemônico que a burguesia cafeeira detinha sobre o aparelho do Estado".
Em 24 de outubro, Washington Luís, o último presidente da República Velha, foi substituído por uma Junta Governativa Provisória, integrada pelos generais Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto e o almirante Isaías de Noronha. No mesmo dia organizaram um novo ministério, do qual faziam parte Paulo Morais de Barros, José Fernandes Leite de Castro, Afrânio de Melo Franco e Gabriel Loureiro Bernardes.
A nomeação deste ministério, bem como as medidas legislativas adotadas pela Junta Governativa demonstravam suas pretensões de permanecer no poder.
Longe da capital da República, mas não alheio ao que nela se passava, Getúlio Vargas, o chefe dos revolucionários, enviou um telegrama à Junta Governativa, logo após a sua posse, com o seguinte teor: "Sou apenas uma expressão transitória dessa vontade coletiva. Membros da Junta do Rio de Janeiro serão aceitos como colaboradores, porém não como dirigentes, uma vez que seus elementos participaram da Revolução quando esta já estava virtualmente vitoriosa".
Se Vargas não deixava bem claras as suas aspirações quanto à chefia do Governo Provisório, o coronel Góis Monteiro, chefe militar das forças revolucionárias, ao enviar um telegrama à Junta, declarava quem o novo governo deveria ter por chefe: o senhor Getúlio Dornelles Vargas. Era a condição para que o estado de beligerância fosse suspenso.
No dia 3 de novembro, às dezesseis horas, o general Tasso Fragoso, membro da Junta Governativa, entregou o governo a Getúlio Vargas. Na condição de presidente provisório, Vargas deu posse, no mesmo dia, ao seu ministério. Um ministério que "não agradou a todos os líderes do movimento revolucionário, mas, é claro que, para contentar a todos os que se julgavam com direito a um posto no Ministério seriam necessárias pelo menos cem pastas. Não obstante, para satisfazer as reivindicações dos mineiros e dos gaúchos, (...) foram criados mais dois ministérios: o da Educação, para o mineiro Francisco Campos (...) e o do Trabalho, Indústria e Comércio, para o gaúcho Lindolfo Collor".

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista.São Paulo:Editora do Brasil S/A.1989.

sábado, 5 de outubro de 2013

Canção do Soldado Constitucionalista

Canção do Soldado Constitucionalista

Marca o passo, soldado, não vês
Que esta terra foi ele que fez?
Que o teu passo é compasso seguro
De um passado, um presente e um futuro?

Marcha, soldado paulista,
Marca o teu passo na história!
Deixa na terra uma pista:
Deixa um rastilho de glória!

Vê soldado que grande tu és!
Tua terra se atira aos teus pés!
Estremece de orgulho e ergue os braços:
Ergue braços de poeira a teus passos.

Autor: Guilherme de Almeida - "Príncipe dos Poetas"

sábado, 28 de setembro de 2013

O Desastre de Eleutério

(...) De Jaguary, então, o Coronel Eduardo Lejeune me enviava o seguinte telegrama:
"O desastre de hoje não é o décimo, nem será o último, infelizmente, dada a nossa esmagável inferioridade em armas. Amanhã Jaguary será bombardeada como Pedreira foi hoje, e depois Campinas e Jundiaí terão a mesma sorte, sem lograrem melhor defesa por absoluta falta de artilharia e aviação, bem como deficiência armas automáticas. Não se iluda, meu querido amigo, nem leve a mal esta fraqueza, explosão de lealdade de quem é muito paulista e grande admirador patriótico governo de São Paulo. Acabo pedir coronel Paiva para combinarmos outra linha resistência em vez daquela que traçou hoje rio Camanducaia - Guedes - fazenda Camanducaia - fazenda Fortaleza - fazenda Jaguary - fazenda Roseira e Entre Montes. Qualquer que ela seja, porém, será quebrada se em nosso socorro não virem armas iguais as do inimigo. Atenciosas saudações - (a) - Cel. Lejeune".(...)

Fonte: PICCHIA, Menotti del. A Revolução Paulista. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Pedreira em 15 de setembro de 1932

Pedreira em 15 de setembro de 1932:

Logo de manhã, tornou-se minha conhecida a extensão do pânico que a evacuação de Pedreira motivara. Com a ordem de recuo das trincheiras ao longo do rio Camanducaia, quase toda a tropa do Cor. Joviniano abandonara precipitadamente as suas posições em Conchal e proximidades de Posse e Ressaca. Chegou-se a largar, tombado na estrada, o auto blindado, ainda virgem da peleja. Joviniano, aborrecidíssimo, retirou-se para a Capital. Em consequência, o "Batalhão Piratininga" acabou de esfacelar-se. Os últimos rapazes, após a saída de Guedes e ida para a capital de seu comandante, recolheram-se ao Instituto Técnico, para se encorporarem a outra unidade.
Depois do desastre de Pedreira, iniciou-se novo período de calmaria nas linhas de fogo. Foi sempre assim, mais ou menos, em seguida aos nossos recuos indevidos. O invasor se encontrava tão a gosto, que repousava sobre cada vitória dois e três dias. Todavia, para não pouparem as populações, as pasarolas executavam vôos sobre Jaguari, Campinas, Jundiaí, bombardeando pontos de residências, como na segunda, a rua Campos Sales. Depois das proezas, voltavam a retaguarda, incolumes, orgulhosos, fazendo figuras acrobáticas.
Às 16 horas, alguém correu a avisar-me que se desembarcavam, na estação, seis canhões. Verifiquei a verdade do fato e pude falar com o Ten. Roldão, que fôra recebê-los. Garantiu-me que, ainda nessa noite, os faria cantar uma rapsódia bem entoada sobre o campo ditatorial.
De Morungaba recebi comunicação de que o Cor. Paiva expedira ordem, que já fora executada, de fornecimento de eletricidade para Amparo... Inexplicável: dar-se luz e força ao inimigo!
O Cap. Marchais mostrou-me um plano sugerido ao Cor. Paiva. Contava certo com uma ofensiva adversa, para a primeira madrugada. Podíamos impedi-la, indo atacar Amparo e Coqueiros. O comandante alegou descrença em nossa gente. "Entretanto concordava em que se tentasse o golpe. Bem encaminhado, garantirá êxito."
A nossa "Coluna Prudente de Morais" foi solicitada a colaborar no dispositivo.

LEITE, Aureliano. Martírio e Glória de São Paulo. 1943. 

sábado, 24 de agosto de 2013

Pedreira em 14 de setembro de 1932

Em 14 de setembro de 1932:
De passagem pela cidade, em demanda da estrada para Campinas, verifiquei que a população recebeu conformada a formidável retração para Guaratinguetá. Nas alturas de Jundiaí, o auto do tabelião Giúdice, que nos conduzia, cruzou com o de Potiguara, este com vários subordinados. Iam a São Paulo, desgostosos com os acontecimentos do setor de Campinas. Falei-lhes na ordem que levava para o Coronel Paiva. Ficamos de nos entender depois.
Rodamos. Às 18 horas, pude conferenciar com o Coronel Paiva, no "Q.G." de Campinas, entregando-lhe a carta de Vilabela, a qual ele não teve aliás tempo de ler. Nesse interim, o engenheiro Ulhôa Cintra entrava afobadamente e desfechara-lhe a informação de que Pedreira acabava de ser abandonada pela sua guarnição. "Porém o mais grave era o pânico da tropa, contagiando as posições de todo o eixo do ramal da Mogiana, até Jaguari".
O Coronel transfigurou-se. Sentando-se sobre a mesa, recolheu para dentro dela as pernas. Depois lastimou-se de haver aceitado a direção daquele setor.
As fisionomias franzidas, Mário Leite e o médico Queirós Guimarães, que entraram na rabadilha de U. Cintra, confirmaram a angustiante notícia, ficando logo apurado que o Major José Francisco, da Força Pública, tresmalhara dos voluntários do batalhão de Mato Grosso, dirigido pelo Dr. Antonio Cajado de Lemos e Cap. Lourenço.
A nova derrota circulou rapidamente. A população de Campinas, já muito diminuída, resistiu com dignidade mais esse golpe, que vinha por a sua segurança num risco maior.
Corremos para a estação. No mapa de Mário Rangel, as distâncias entre Pedreira, Arraial de Sousas e Campinas, tinham sido assinaladas a lápis vermelho. Impressionante: Pedreira jazia a 12 ou 14 quilômetros de Arraial dos Souzas. E Arraial dos Souzas era um subúrbio de Campinas...
Havia ainda o recurso das destruições, como obstáculo à marcha do inimigo. Entre Pedreira e Arraial dos Souzas existiam pontes e caminhos de fácil obstrução.

Fonte: LEITE, Aureliano. Mártiírio e Glória de São Paulo. 1934, pág. 306.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Batalha no Bairro Entre Montes, Pedreira

... Mandámos os choferes tocarem os caminhões. E escorregávamos, sob o barulho dos freios, custando a dominarem os veículos. A fortuna socorreu-nos. Ocupamos sem incidente algum a grande usina e ponte. Verificámos logo que esta não requeria destruição. Aquém da usina, precisava, ao contrário, de defeza. Apresentava-se, pois, istante marinhar pela serra fronteira do Amparo e destruir, lá em cima, trêchos de seus caminhos. Atirámo-nos á tarefa após ligeiro reconhecimento até Três Montes, na direção de Pedreira, onde fizemos ligação com uma patrulha da tropa dessa localidade, comandada pelos majores Antonio Cajado de Lemos e José F. dos Santos, vindos de Mato Grosso. Consistiu nossa acção em desmanchar atêrros e pontilhões, abatendo sôbre outros trêchos de caminhos troncos de pesadas árvores. De tarde, acabávamos as obstruções. O engenheiro Mário Leite e o Snr. Edgard Alves permaneceram na região, investidos por nós do comando da praça... Prudente voltou em seguida para Morungaba, já ocupada por outra fracção de nosso grupo. Eu dirigi-me para Campinas, afim de comunicar ao "Q.G" o resultado da nossa missão e pedir outras instruções.
Não achei em Campinas pessoa com quem pudesse entender-me. O Cor. Paiva fôra a Jaguari, em companhia de Herculano e Vilabela. Parti para Jaguari. Já haviam os três comandantes tornado para Campinas. Comandava o sector o Cor. Lejeune, auxiliado pelo Cap. José Silva, já major. Achei-os animados. Iam tentar uma contra-ofensiva. Apezar do desastre em Amparo, contavam com triunfo compensador, dentro em 48 horas. Autorizaram-me a cortar a luz e energia eléctrica para o Amparo. Dali mesmo, telefonei para Mário Leite, transmitindo-lhe a ordem.

Fonte: LEITE, Aureliano. Martírio e Glória de São Paulo. 1934. p. 298.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Arnaldo Rossi



ARNALDO ROSSI

O Professor Arnaldo Rossi nasceu em Pedreira, SP, aos 3 de novembro de 1910. Era filho de Luis Rossi e Doralice Benati Rossi.
Fez o curso Primário no Grupo Escolar Cel. João Pedro de Godoy Moreira, em Pedreira.
O curso Ginasial no Colégio Cesário Motta, em Campinas, formando-se Professor Primário em 1933, pela Escola Normal Oficial “Carlos Gomes” em Campinas.
Em 1932 participou da Revolução Constitucionalista juntamente com Edu Rossi e Guilherme Filippini Junior.
Em 6 de fevereiro de 1934 foi nomeado Substituto Efetivo do Grupo Escolar de Pedreira.
Em 17 de dezembro de 1935, foi nomeado estagiário para o Grupo Escolar do Bairro dos Gonzagas em Promissão.
Em 28 de dezembro de 1936, foi efetivado na referida escola tendo assumido a direção interina do estabelecimento, durante o impedimento por licença do titular efetivo.
Em 4 de outubro de 1937, foi designado para substituir em Promissão durante o seu impedimento o Sr. Francisco Moreira Filho, diretor daquele estabelecimento.
Em 30 de janeiro de 1940, foi removido por concurso para igual cargo no Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes, em Indaiatuba.
Em 26 de junho de 1941, contrai matrimônio com Ana Ferrari e a 20 de abril de 1942, o lar do Prof. Arnaldo é agraciado com o nascimento do primogênito José Celso.
Em 28 de abril de 1942, foi nomeado para exercer em Promissão o cargo de diretor estagiário do Grupo Escolar do Bairro dos Gonzaga, 4ª categoria, em Promissão.
Em 14 de abril de 1944, nasce mais um filho recebendo este o nome de Sérgio.
Em 20 de julho de 1944, foi efetivado no cargo acima ficando exonerado do cargo de adjunto do Grupo Escolar Randolfo Moreira Fernandes, em Indaiatuba.
Em 6 de março de 1945, foi removido por concurso para as funções de Técnico de Educação com exercício no Grupo Escolar de Pereiras, de 4ª categoria.
Em 4 de maio de 1945, foi designado para exercer a partir de 13 de março as funções de Auxiliar de Inspeção em Pereiras.
Em 8 de janeiro de 1947, foi removido por concurso para exercer o cargo de diretor do Grupo Escolar Pedro de Toledo, em Lindóia.
Em 30 de abril de 1948, seu lar foi enriquecido com o nascimento de sua filha, Maria Tereza.
Em 6 de fevereiro de 1948, foi removido por concurso para diretor do Grupo Escolar General Mascarenhas de Moraes, em Elias Fausto.
Em 11 de fevereiro de 1948, assumiu a direção do Grupo Escolar Cel. João Pedro de Godoy Moreira, em Pedreira, sua terra natal, e no mesmo estabelecimento onde aprendeu as primeiras letras, permanecendo seu diretor até 30 de maio de 1964, quando se aposentou por merecimento.
Arnaldo Rossi, durante os 30 anos de magistério, dedicou-se inteiramente ao ensino, aprimoramento das crianças, sempre incansável, dando um exemplo de educador fiel aos seus compromissos.
Tinha verdadeiro amor às crianças de seu Grupo, onde sempre deu o melhor de si para o pleno desenvolvimento do ensino em Pedreira.
Após a sua aposentadoria pelo Magistério Paulista, foi nomeado Diretor da Escola Técnica de Comércio Municipal de Pedreira, que foi organizada sobre a sua orientação e capacidade.
Respondeu pela direção da mesma até o dia 25 de abril de 1968, data em que ocorreu o seu falecimento, perdendo assim a cidade de Pedreira, um dos seus filhos mais queridos e o ensino brasileiro, um grande educador.
Por proposta do então vereador Oswaldo Teixeira de Magalhães, deu entrada na Câmara, projeto para se dar ao Segundo Grupo Escolar de Pedreira, o nome de Prof. Arnaldo Rossi.
Tendo recebido total apoio, o pedido foi encaminhado para São Paulo e o Governador o transformou na Lei n.º10.366, de 17 de janeiro de 1969, publicado no Diário Oficial de 18 de janeiro de 1969.
A partir desta data, o estabelecimento passou a denominar-se Grupo Escolar Prof. Arnaldo Rossi.
No dia 26 de abril de 1969, foi realizada a festa de entronização do quadro do Prof. Arnaldo Rossi, no estabelecimento que contou com a presença do Prof. Júlio da Silva Arruda, Delegado do Ensino Elementar de Amparo, Prof. Rufino da Silva, Inspetor Escolar do 1º Distrito, Oswaldo Teixeira de Magalhães, Prefeito Municipal de Pedreira e demais autoridades da cidade.

 Pedreira, 26 de abril de 1969.
Fonte: Biografia do Prof. Arnaldo Rossi - cat. hist. n.º 32 - MHPP
Foto: Reprodução de fotografia - Arnaldo Rossi - acervo MHPP

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Monumento Constitucionalista de Pedreira

Inauguração do Monumento Constitucionalista em Pedreira

O ex-combatente Edu Rossi em discurso durante a solenidade de inauguração do Monumento Constitucionalista em 1997 numa das trincheiras localizadas no Complexo Turístico do Morro do Cristo.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A participação de Pedreira

Devido a localização na Serra da Mantiqueira, Pedreira e as demais cidades da rota que se dirige à divisa com o Sul de Minas, foram arduamente castigadas pelas forças legalistas representadas pelo contigente que se estabelecia nas cidades mineiras na divisa do Estado.
Em algumas fazendas e morros que circundam Pedreira, é possível ver em alguns lugares, valas de aproximadamente uns 10 metros de comprimento e que na época da Revolução se constituíram em trincheiras para os nossos soldados.
No Morro do Cristo existem algumas valas, que se tornaram lembranças do trabalho desenvolvido por nossos soldados em nossa região.
Houve um fato curioso na Fazenda Areia Branca, diversos soldados estavam escondidos na mesma e o seu proprietário na época, os denunciou, a fim de não criar atritos com as tropas legalistas que mantinham vigilância na região. Após a Revolução, era comum encontrar revolucionários escondidos nas fazendas de Pedreira, e se escondiam para não serem fustigados pelos soldados getulistas.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

De Vencido a Vencedor

Muito embora a Revolução de 1932, efetuada pelo povo paulista, para que o Brasil tivesse a sua Constituição efetuada, não tivesse sido vitoriosa com a luta armada, se viu vitoriosa pelos ideais.
Getúlio Vargas e o seu Governo Provisório astutamente preparara a eleição de uma Assembleia Constituinte através do Decreto n.º 21.402, de 14 de maio de 1932, onde fora criada uma comissão para elaborar um ante-projeto de Constituição e marcadas eleições para 3 de maio de 1933.
Nessa Constituinte foram instituídas então, o voto secreto, o direito de voto das mulheres, e era criada a Justiça Eleitoral.
Realizadas as eleições, instalou-se a Constituinte em 15 de novembro de 1933.
A Constituição foi promulgada em 16 de julho de 1934.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

A mulher paulista na Revolução

Entre os valores que compunham o ideário da Revolução de 32, a "Família" ocupava lugar privilegiado. Em nome dela invocou-se a participação da mulher paulista no movimento representando a célula-mater da família e elemento importante na manutenção da ordem social.
A participação da mulher paulista não foi passiva, foi elemento ativo e sua ideologia dominante foi de extrema eficácia, tendo cumprido rigorosamente a sua função de mantenedora da ordem.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.



As Batalhas

Soldados e civis, os quais se apresentavam como voluntários, eram enquadrados em batalhões e marchavam  para as frentes de batalha. As divisas de nosso Estado, foram quase que totalmente cobertas por nossos soldados.
A região em que os combates foram de maior frequência e por sua vez mais sanguinários, foram as do Vale do Paraíba e divisa com o Paraná, por se tratarem de regiões quase que diretamente ligadas ao Rio de Janeiro, sede do Governo.
O Coronel Euclides Figueiredo, tomou o comando das tropas do Vale do Paraíba e em seu livro Contribuição para a História da Revolução Constitucionalista de 1932, descreve minuciosamente os combates realizados nessa região.
Na divisa do estado com o Paraná, principalmente nas cidades de Itararé e Itapeva foram travadas lutas cruentas.
Nas divisas com o sul de Minas Gerais, os revolucionários sustentavam galhardamente a luta.
É preciso neste ponto esclarecermos que antes do início da Revolução, tinham havido contatos com as forças governamentais dos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro principalmente e com todos os demais estados brasileiros para que se fizessem presentes nesse movimento, na hora da revolução, somente o estado de Mato Grosso se fez presente através de tropas e do General Bertoldo Klinger.
Após aproximadamente 90 dias de luta encarniçada, os nossos soldados sustentavam fogo com os inimigos de qualquer forma que fosse possível, cita-se o fato de que não havendo munição para as armas, alguns soldados usavam "matracas" para imitar o estampido de uma bala e fazer com que o inimigo pensasse que estavam municiados.
Todas as tropas legalistas foram reforçadas com tropas vindas de outras regiões e que assim engrossavam o contigente, no mar a Marinha de Guerra bloqueou os nossos portos, fazendo com que a população começasse a passar por necessidades e no ar os famosos aeroplanos "Vermelhinhos" fustigavam nossos defensores de forma mais brutal, metralhando não só os soldados, mas também a população indefesa.
No entanto, todos os paulistas proclamavam a vitória do movimento, nenhum se deixava abater por mais trágica que fosse a notícia. Desde a eclosão do movimento até seu final, só a palavra vitória era o lema dos paulistas.
Em meados de agosto de 1932 a situação já se tornara crítica e no dia 2 de outubro foi assinada em Cruzeiro, no Vale do Paraíba, a Convenção Militar, pela qual cessavam as hostilidades, e que obrigavam a Força Pública a recuar de suas posições estabelecidas e manter a ordem e tranquilidade no Estado de São Paulo.
Os jornais e rádios noticiaram o armistício sem no entanto mencionar a derrota. Nesta época falou-se até mesmo da "vitória moral da Revolução".
Ibraim Nobre entusiasta dizia: "Vencidos não! Traídos!... Traídos, vendidos, entregues, ludibriados! Tudo! Menos vencido!"
Nessa época houve fugas, prisões e exílios.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

A mobilização industrial

Para poder fazer face ao grande empreendimento, toda a população paulista foi convocada para ajudar da maneira que fosse possível. As mulheres, faziam costuras nas "Casas dos Soldados Constitucionalistas", confeccionavam fardamentos, camisas, bonés, meias, etc.
Nesse período, podemos considerar foi feita a transformação do nosso Estado em potencial industrial. Todas as indústrias existentes foram chamadas a colaborar, uma vez que, havia grandes dificuldades na importação de armamentos.
A mobilização industrial, mesmo improvisada, foi das mais eficazes, tendo sido fabricadas balas e apetrechos de guerra, fardamentos, calçados e até mesmo armas de maiores potências, tais como a "bazuca", uma máquina a vapor foi totalmente camuflada junto com alguns vagões, para servir de transportes, alguns caminhões foram arrumados para carregarem metralhadoras e pequenos canhões, foram confeccionados capacetes de guerra a molde dos europeus, etc.
Em uma experiência com uma arma mais poderosa, perdemos o General Marcondes Salgado, o qual na ocasião comandava a Força Pública Paulista.
Neste episódio devemos ressaltar o desprendimento dos nossos industriais os quais financiavam a produção de suas indústrias.
Um voto de louvor a nossa classe operária a qual não medindo esforços, trabalhou diuturnamente, para conseguir produzir o material que era necessário para a sustentação da revolução.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

A Revolução Constitucionalista de 1932

Após todos estes acontecimentos, e já instalados no governo, Getúlio Vargas, demorava para estabelecer uma nova Constituição para o país. Isso gerava descontentamento nas hostes políticas brasileiras. Nas capitais dos estados eram comuns os comícios em prol de uma nova Constituição.
Em São Paulo, havia muito tempo em que, principalmente a classe estudantil, notadamente os universitários da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, os quais faziam estrondosas manifestações em prol da Constituição.
Dentre os muitos comícios, o do dia 23 de maio marcou tragicamente o início da Revolução. Um grupo de estudantes, após efetuarem um comício inflamado, conseguem levar até ao Palácio dos Campos Elíseos, uma verdadeira massa humana, a qual aclama o governador Pedro de Toledo, o qual por sua vez, renova o secretariado. Ouvem-se as vozes de diversos oradores, principalmente Hibraim Nobre, o arauto dos paulistas, de volta à cidade e espalhando-se entre os populares, com faixas onde se liam "Tudo pelo Brasil", num desmentido claro de que o movimento paulista continha ideias separatistas, deu-se o primeiro derramamento de sangue.
Um grupo de manifestantes, portando armas leves, resolveram dirigir-se à sede do Partido Populista Paulista aproximadamente às 22 horas. Este partido era chefiado por Miguel Costa, o qual era ferrenho defensor da ditadura getulina.
Foi uma investida audaciosa deste pessoal, uma vez que os "legionários miguelistas", possuíam inclusive fuzis e metralhadoras, ouve tiroteio, tendo se prolongado até às 4 horas da manhã. No final apurou-se a existência de mortos na Praça da República, sendo eles, Euclides Bueno Miragaia, Antonio de Camargo Andrade, Mario Martins de Almeida, Orlando Oliveira Alvarenga e Drausio Marcondes de Souza (de apenas 14 anos de idade). Essas vítimas, serviram para alertar a nossa população e fazer com que se revoltassem, e, usando dos nomes dessas vítimas criaram a sigla MMDC (Miragaia, Martins, Drausio e Camargo), entidade que, antes e depois do movimento de 1932, passou a ser o órgão representativo de todo o revolucionário.
O movimento continuava, foram empastelados os jornais "A Razão", de Oswaldo Aranha e "Correio da Tarde" de Miguel Costa, outras violentas manifestações ocasionavam perigos para a população, principalmente a temida cavalaria da Força Pública.
Finalmente é deflagrada a Revolução oficialmente, cabendo o comando inicialmente ao Coronel Euclides Figueiredo e posteriormente ao General Klinger, vindo do Mato Grosso.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

O Governo Provisório de Getúlio Vargas

Tendo declarado que "a Revolução não reconhece direitos adquiridos", Getúlio Vargas, três dias após assumir, por meio do Ministro da Justiça, Oswaldo Aranha, declarou dissolvidos o Congresso, o Senado, a Câmara dos Deputados, as Assembleias Legislativas Estaduais e as Câmaras Municipais, tendo sido nomeados para os governos estaduais interventores escolhidos entre os participantes da revolução.
Em novembro de 1930 foi suspensa a Constituição de 1891, através da promulgação da Lei Orgânica, a qual propunha uma nova Constituição.
O Presidente Provisório concentrava em suas mãos cada vez mais o poder político e para conquistar a simpatia do povo, sobretudo dos operários, os quais já eram em grande número, Getúlio Vargas adotou uma série de medidas para beneficiá-los o que deu início ao chamado Populismo.
Economicamente o Governo procurou obter novos empréstimos e renegociar as dívidas externas, deu apoio aos cafeicultores sendo que nessa época foi criado o Conselho Nacional do Café, posteriormente, o Instituto Nacional do Café.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

A Revolução de 1930

Por algum tempo os revolucionários estiveram arrefecidos, porém com a morte de João Pessoa, e no período de agosto a setembro preparou-se em diversos estados brasileiros um movimento sendo que a chefia do estado-maior da revolução estaria a cargo do Tenente-Coronel Góis Monteiro.
No dia 3 de outubro, às cinco e meia da tarde, eclodiu no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais o movimento, sendo que rapidamente esses dois estados foram dominados, embora houvesse tido uma pequena resistência em Belo Horizonte e na Serra da Mantiqueira.
No Nordeste, devido a um engano quanto a hora marcada por Oswaldo Aranha para início do movimento, em algumas cidades as tropas governistas conseguiram organizar uma defesa, mesmo assim os revolucionários conseguiram controlar Pernambuco e Paraíba, marchando posteriormente para a Capital da República.
A revolução já era vitoriosa em quase todo o país, faltando apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pará que se encontravam em mãos dos governos federal. Os legalistas instalaram na Bahia e em São Paulo seus quartéis-generais na tentativa de parar o avanço dos revolucionários.
Washington Luiz, foi deposto no dia 24 de outubro e uma Junta governista formada pelos generais Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto e pelo Almirante Isaías de Noronha sendo que desse modo cessou toda a resistência.
Oswaldo Aranha e Juarez Távora chegam ao Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro e nesse mesmo dia as forças gaúchas e paranaenses chegavam à capital paulista.
Em 3 de novembro de 1930, um mês após o início da revolução, Getúlio Vargas chega ao poder como Chefe do Governo Provisório.
A deposição de Washington Luiz, se deve ao fato do mesmo não ter solucionado os problemas criados pela  crise de 1929. O governo de Getúlio Vargas, conseguiu resolver a crise do café brasileiro, arrumando créditos para comprar mais uma vez os excedentes, porém, os mesmos dessa vez não foram mais estocados, uma pequena parte foi trocada com trigo americano e o restante foi queimado para manter o preço nos mercados externos.

Fonte: A Epopéia Paulista. 1982.

Os antecedentes

Os antecedentes

No período de 1929 a 1930, o Brasil era um país excencialmente agrícola e dependente exclusivamente de suas exportações de café. Havia nessa época uma forma especial de comércio do produto. Os países importadores, forneciam verbas, as quais eram depositadas em bancos, influenciando aos grandes fazendeiros da época, produtores de café a aumentar gradativamente suas produções, as quais por sua vez, eram estocadas em grandes armazéns e garantiam os depósitos financeiros.
Com a crise dos países industrializados, principalmente os Estados Unidos, um dos nosso maiores importadores, a situação do Brasil começou a ficar insustentável, pois uma das primeiras medidas tomadas por aquela nação foi a extinção dos depósitos bancários prévios. Com isso nossa agricultura começou a sofrer uma série de restrições e consequentemente o café a perder mercado em todo o mundo e nossa balança comercial a sofrer uma queda considerável, prejudicando assim nossas importações, uma vez que quase tudo era importado.
Os primeiros a reclamar e se colocarem contra a forma de administração de nosso governo foram os cafeicultores, pois na época eram os mais prejudicados, sendo que haviam investido fortunas em suas propriedades e agora as viam, muito deles, obrigados a se declararem falidos.
Muitos dos fazendeiros da época, perderam tudo o que tinham sendo que ficaram na miséria, não tendo muitas vezes o que comer.
Acontece que não só esses elementos passavam por terríveis provações, o povo por sua vez padecia seriamente com as restrições do mercado interno. Eram filas para comprar pão e leite, carne e outras mercadorias da base alimentar brasileira.
Nesse espaço de tempo, já se tramava nos quartéis brasileiros, uma revolução. Eram os tenentes do nosso exército que estavam estudando uma forma de derrubar o governo de Washington Luiz e que tantos problemas causava ao país.
Nessa época a política nacional fervilhava e diversas facções foram formadas, de um lado dando apoio a Getúlio Vargas e João Pessoa e de outro Washington Luiz que pretendia apoiar um paulista Julio Prestes, para que fosse eleito e continuasse com sua administração econômico-financeira.
Minas Gerais e o Rio Grande do Sul firmaram um pacto secreto de apoio a Getúlio Vargas e em seguida tentavam obter a adesão de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro.
Nas eleições de 1º de março de 1930, Getúlio Vargas foi derrotado nas urnas e os candidatos mineiros e paraibanos foram "degolados" não sendo reconhecida sua eleição. Diante destes fatos os políticos e tenentes retomaram e intensificaram os entendimentos.
No dia 26 de julho, na cidade de Recife, João Pessoa foi assassinado por João Dantas, este crime influiu basicamente para a eclosão do movimento em outubro de 1930.

Fonte: A epopéia paulista. 1982.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Memorial 9 de Julho - Pedreira - SP


Núcleo de Pesquisa
MEMORIAL 9 de JULHO - PEDREIRA - SP

Em comemoração aos 81 anos da Revolução Constitucionalista de 1932, a implantação do Núcleo de Pesquisa, Memorial 9 de Julho, mantido pelo Museu Histórico e da Porcelana de Pedreira, por iniciativa de seu Gestor, Curador e Supervisor Técnico, Adílson Spagiari, tem a intenção de manter viva no espírito da população brasileira a chama de um momento de nossa história em que o povo fez tentar prevalecer um ideal, "Por São Paulo e pelo Brasil".