O ministério de Vargas mostrava a heterogeneidade das forças que apoiaram e conduziram a Revolução de 1930. Integravam o ministério elementos do movimento tenentista, como Osvaldo Aranha e Juarez Távora, membros da Junta Governativa, além de elementos das oligarquias dissidentes do antigo regime, forças que, unidas pelo mesmo objetivo, divergiam quanto aos rumos da revolução.
Os "tenentes" desejavam reformas radicais, que, segundo eles, só poderiam realizar-se com a quebra do poder das oligarquias e com o prolongamento da ditadura. Por outro lado, as oligarquias também desejavam reformas, desde que estas não alterassem as estruturas da sociedade brasileira e restabelecessem o jogo político rompido em 29.
É este quadro, o do confronto de forças tão antagônicas, que determinou a ação de Vargas à frente do governo Provisório. Ao mesmo tempo que endossava o projeto político de restabelecimento do estado de direito no país, mantinha fechadas as Casas Legislativas em todos os níveis. Quando concordava com a necessidade da convocação de uma Assembleia Constituinte, aproximava-se das oligarquias, pois, para elas, a convocação desta assembleia significava a possibilidade de retomar as posições políticas perdidas após a Revolução de 30. Com a mesma facilidade aproximava-se dos "tenentes" e de seu projeto político de centralização.
Com esta postura, Vargas permitiu a polarização das forças políticas que compunham o seu governo. De um lado os "tenentes", que fundaram em 1931 o Clube 3 de Outubro; do outro, as oligarquias preteridas ou excluídas do poder, que agruparam-se, em São Paulo, no Partido Democrático (PD).
Esta postura, nem moderada e tampouco centrista, mas ambígua, também era assumida por Vargas em relação às questões econômica e social. Ao mesmo tempo em que retirava o comando da política cafeeira da esfera estadual, substituindo o Instituto do Café do Estado de São Paulo pelo Conselho Nacional do Café, mais tarde Departamento Nacional do Café (1933), Vargas procurava atender aos interesses da burguesia cafeeira, pois o café era o principal produto de exportação. Quanto à questão social, a postura do governo Vargas não foi diferente. Se não tratava o problema social como um simples caso de polícia, procurava controlá-lo com os instrumentos de representação profissional, dos sindicatos oficiais, apolíticos e numericamente restritos". Enfim, adotava medidas com o objetivo de esmagar o movimento sindical brasileiro.
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