Francisco de Mesquita
Em 1926, um grupo de oposicionistas de São Paulo reúne-se no salão das Classes Laboriosas para lançar as bases de um novo partido. E, à medida que os oradores se sucedem, mais distante parece tornar-se a unidade de pensamento.
É quando, na plateia, um moço pede a palavra e inicia um discurso de improviso. O novo partido, afirma, não pode ser apenas um PRP honesto, não pode correr o risco de ser outro órgão a serviço das oligarquias; é preciso que seja um instrumento de construção da democracia, por meio do voto secreto e da Justiça Eleitoral. A argumentação, clara e objetiva, estende-se por mais de uma hora, e ao final o Partido Democrático tinha praticamente definido seu programa de ação.
O orador era Francisco Mesquita, que, encerrado o discurso, reassume a atitude discreta que lhe era característica.
Adepto fervoroso da Revolução de 1930, foi, talvez por isso mesmo, um dos primeiros a identificar o que considerava os desvios de seus objetivos. Membro do primeiro secretariado paulista constituído após a vitória revolucionária, não permaneceu no cargo mais do que alguns dias (logo o governo nomearia interventor o tenente João Alberto).
O nome de Francisco Mesquita figura entre os signatários do documento que formalizou a aliança dos partidos paulistas (a Frente Única) e, pouco mais tarde, entre os fundadores do MMDC.
Iniciada a Revolução Constitucionalista, Francisco Mesquita prefere abdicar de sua posição de liderança, para lutar como simples soldado. Depois de submeter-se a uma rápida instrução militar no quartel de Quitaúna, incorpora-se ao 6º Regimento de Infantaria e segue para a frente de combate.
Transferido, dias mais tarde, para o Batalhão Piratininga (formado por voluntários), o combatente Chiquinho, como era chamado entre os colegas, é designado para as trincheiras de Vila Queimada, no Vale do Paraíba, uma das áreas mais fustigadas pela artilharia inimiga; lá, a 19 de agosto, acaba capturado em combate, num choque com o destacamento do então capitão Sizeno Sarmento. É mandado, então, para a Ilha Grande, onde ficaria preso até seguir para o exílio.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, Quinta-feira, 8/7/1932 - Jornal da Tarde, página 7.
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