Coronel Euclides Figueiredo
O coronel Euclides Figueiredo, pai do atual presidente, sempre viu com desconfiança a interferência de militares na política. Ele achava que, mesmo pretensamente transitória, a passagem de militares pelo poder sofria uma incontrolável tendência a prolongar-se indefinidamente.
Essa foi uma das razões que o levou a colocar-se contra a Revolução de 1930 - apoiada pelo tenentismo -, da mesma forma que fora contrário aos movimentos revolucionários de 1922 e 1924, que considerava de raízes essencialmente militares.
Preso em outubro de 1930, quando servia em Alegrete, Rio Grande do Sul, e libertado meses depois, quando a Revolução se sentia consolidada, Figueiredo procurou o ministro da Guerra, general Leite de Castro, pedindo-lhe que o reformasse, pois não estava disposto a servir ao Governo Provisório, ao qual atribuía propósitos de tornar-se definitivo.
Mesmo informado da posição de Figueiredo, o ministro negou-lhe a reforma, afirmando que o Exército não poderia prescindir de um oficial de seu valor.
Morava no Rio de Janeiro quando foi posto em contato com os líderes constitucionalistas, por meio de seu irmão Leopoldo, empresário em São Paulo e membro do Partido Democrático. Engajou-se de corpo e alma no movimento, para o qual procurou adesões nos meios militares do Distrito Federal.
No dia 9 de julho, surpreendido pela precipitação do levante, viajou às pressas para São Paulo, assumindo o comando militar até a chegada do general Klinger do Mato Grosso. Então, foi comandar as forças constitucionalistas no Vale do Paraíba, que resistiram, até os dias finais da luta, às tropas do Governo Provisório, reconhecidamente superiores em número e armamento.
O coronel Figueiredo foi, literalmente, o último a se entregar. A Revolução estava batida havia mais de dez dias quando o capturaram, na ilha de Santa Catarina, a bordo de um barco de pesca com o qual tencionava chegar ao Rio Grande, onde acreditava ainda haver luta contra a Ditadura.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, Quinta-feira, 8/7/1932 - Jornal da Tarde, página 7.
Nenhum comentário:
Postar um comentário