domingo, 4 de maio de 2014

Personagens de 1932 - Júlio de Mesquita Filho




JÚLIO DE MESQUITA FILHO

"Nosso objetivo era impor aquilo que a Revolução de 1930 havia prometido e não realizara. Isto é, a democratização da República, a implantação, no País, de um regime liberal". 
A afirmação é de Júlio de Mesquita Filho, que, ao se lançar à articulação do movimento constitucionalista, procurava interpretar o sentimento que foi tomando conta da comunidade de seu Estado, à medida que se definiam os rumos do Governo Provisório.
Rumos que, no julgamento da grande maioria dos paulistas, se afastavam dia a dia dos compromissos revolucionários de moralizar o processo eleitoral, acabando com o coronelismo e instituindo o voto universal e secreto. rumos, ainda, que aos olhos da opinião pública de São Paulo iam assumindo clara impressão de desordem.
A par disso, evidenciava-se a deliberação do Governo Provisório de alijar os dirigentes paulistas do processo político, tanto ao nível local como no plano federal.
Foi esse quadro todo que levou Júlio de Mesquita Filho a se empenhar, de início, numa antes inimaginável aliança entre o Partido Democrático e o Republicano. O passo seguinte seria articular a sustentação militar ao movimento, tarefa para a qual procurou a colaboração  do general Isidoro Dias Lopes, seu amigo pessoal. Depois, tratou de obter ajuda de fora do Estado, principalmente em contatos com Raul Pilla, do Partido Libertador, e com o republicano João Neves, ambos do Rio Grande do Sul. Ele sabia que seria inviável o sucesso de uma luta armada contra a Ditadura sem o apoio gaúcho, afinal assegurado pelo próprio interventor Flores da Cunha, mas que no último momento faltaria à palavra.
Irrompido o levante, partiu para a frente de combate do Vale do Paraíba, onde permaneceu, com o coronel Euclides Figueiredo, até os dias finais da Revolução. Informado de que se iniciavam negociações para a rendição, voltou às pressas para a Capital, a fim de tentar impedir um armistício em condições humilhantes para São Paulo. Era tarde: a Força Pública estava firmando o acordo com a Ditadura, e emissários do general Klinger preparavam-se  para fazer o mesmo.
A exemplo dos demais líderes do movimento, foi mandado para a Casa de Detenção, no Rio de Janeiro, e daí para o exílio, que passou em Estoril, Portugal. 

Fonte: O Estado de S. Paulo - Quinta-feira, 8-7-1982 - Jornal da Tarde, p. 7.

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