JOÃO NEVES DA FONTOURA
Vitoriosa a Revolução de 1930, a bordo do trem que trazia seus chefes a São Paulo, a caminho do Catete, discutia-se a quem entregar o governo paulista. E só houve uma voz a defender a ideia de confiá-lo aos próprios paulistas: a de João Neves da Fontoura.
João Neves, que fora vice de Getúlio no governo do Rio Grande, iria ser voto vencido em várias outras ocasiões daí em diante, principalmente ao insistir para que o Governo Provisório cumprisse compromissos assumidos durante a campanha da Aliança Liberal.
Desligado do governo, nem por isso foi dos primeiros a aderir ao movimento constitucionalista, e, quando aderiu, nunca deixou de insistir em que só se cogitasse de luta armada depois de absolutamente esgotadas todas as alternativas.
Quando o levante se precipitou, entretanto, converteu-se num de seus mais eloquentes tribunos, sobretudo para cobrar de seus conterrâneos a adesão prometida a São Paulo. Já nos primeiros dias de luta, escrevia a Borges de Medeiros, falando do isolamento paulista: "Que quer o senhor que façam a guarnição do Rio e Minas, se o Rio Grande falha estrepitosamente e ainda se prepara para agredir São Paulo? Qual o desfecho? Não sei. Se o Rio Grande agir sem demora, a partida ainda estará ganha, e bem ganha. Senão, teremos a guerra civil (...) E já pensou o senhor no que será o dia de amanhã, se São Paulo for vencido pelas armas?"
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo, quinta-feira, 8-7-1982 - Jornal da Tarde, página 7.
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