GENERAL GÓIS MONTEIRO
O general Góis Monteiro, comandante chefe das forças leais ao Governo Provisório, conduziu a campanha contra o Exército constitucionalista com eficiência e habilidade, esperando que o correr do tempo acabasse por minar a resistência das isoladas tropas paulistas.
Habilidade, aliás, nunca lhe faltou. Designado para servir no Rio Grande do Sul em 1929, como pessoa de absoluta confiança do governo Washington Luís, ele acabou aceitando, pouco depois, o comando militar do movimento revolucionário que o afastou do poder.
Vitoriosa a Revolução de 1930, Góis não encontrou dificuldade para entender-se com os tenentes, com os quais jamais tivera afinidades políticas (ao contrário: chefe do Estado-Maior do general Álvaro Mariante, fora um perseguidor tenaz da coluna Prestes). E tornou-se, até, membro assíduo do Clube 3 de Outubro (organização basicamente tenentista, destinada a sustentar a continuidade revolucionária).
Também em São Paulo, Góis Monteiro deu seguidas demonstrações de sua versatilidade. Um exemplo: em maio de 1931, designado comandante da 2ª Região Militar em substituição ao general Isidoro Dias Lopes, afastado depois de uma frustrada conspiração contra o interventor João Alberto, o general Góis Monteiro não hesitou em comparecer a uma homenagem ao mesmo Isidoro, promovida pela Liga de Defesa Paulista, no Teatro Municipal.
Ainda em São Paulo, chegou a ter frequentes contatos com dirigentes constitucionalistas, atitude que atribuiria, mais tarde, a propósitos pacificadores que o levavam a entender-se com os dois lados.
Testemunhos de contemporâneos seus sustentam que, caso convidado, Góis não teria hesitado em assumir o comando do movimento, desde que o fato pudesse representar, para ele, a perspectiva de chegar ao poder. Como isso não ocorreu, ficou com a Ditadura, à qual ainda prestaria serviços por muito tempo. Rigorosamente, até 1945, quando ajudou a afastar Vargas do poder.
Fonte: O ESTADO DE S. PAULO, Quinta-feira, 8/7/1982, Jornal da Tarde, pág. 7.
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