segunda-feira, 9 de junho de 2014

Personagens de 1932 - João Alberto Lins



João Alberto Lins

Quando se iniciou a Revolução Constitucionalista, já fazia um ano que o tenente João Alberto Lins de Barros deixara de ser interventor em São Paulo. Ainda assim, poucos fatores contribuíram tanto para o levante como sua movimentada passagem pelo governo paulista. 
Apresentada por Getúlio como coisa transitória, a imposição de João Alberto, pernambucano de nascimento, foi recebida com protestos generalizados em São Paulo. Ele mesmo iria tentar desfazer o mal-estar, agindo politicamente, mas nunca chegou a ser bem-sucedido, nesse aspecto. Pelo contrário, ao converter o Estado em campo de ensaio da pregação tenentista, o interventor iria frequentemente chocar os indignados paulistas.
Logo de início, tentou uma desastrada reforma agrária, retalhando propriedades do governo na região de Itu e entregando-as a combatentes não regulares da Revolução de 1930. Sempre mostrando preocupação com as questões sociais, antecipou-se à própria legislação trabalhista de Vargas e decretou um aumento geral de salários na indústria. Em seguida, proibiu demissões de grevistas.
Depois, autorizou o PC a instalar sua sede em São Paulo e a fazer comícios quando bem entendesse. Nem por isso foi muito estimado pelos comunistas, que qualificavam suas atitudes de "tentativas de enganar as massas" e o acusavam de "apaniguar lacaios do imperialismo" (norte-americano e inglês).
E, apesar de seus esforços para defender os interesses de cafeicultores paulistas junto ao governo federal, nunca chegou a conquistar a confiança da opinião pública de São Paulo, que ao fim de algum tempo passou a mover-lhe oposição sistemática, exigindo que o governo fosse entregue a um "civil e paulista".
Exonerado, afinal, em julho de 1931, João Alberto ainda voltaria, em outras ocasiões, a influir na vida política de São Paulo, uma delas ao provocar a renúncia do interventor Laudo de Camargo.
Durante a Revolução Constitucionalista, comandou as tropas federais que enfrentaram os paulistas na região de Parati e Cunha.

Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo - Quinta-feira, 8/7/1932 - Jornal da Tarde, página 7.

Nenhum comentário:

Postar um comentário