General Bertoldo Klinger
Oficial de grande prestígio nos meios militares, de competência reconhecida até por seus adversários, o general Bertoldo Klinger, designado pelo general Isidoro Dias Lopes para o comando militar da Revolução Constitucionalista, teve um procedimento frequentemente desconcertante à frente do movimento.
Apontado como responsável pela precipitação do levante, com o explosivo documento com que questionou a escolha do novo ministro da Guerra, Klinger iria ter atitudes surpreendentes em várias outras ocasiões.
Foi uma surpresa, por exemplo - e nada agradável para os paulistas -, que ele tivesse chegado a São Paulo acompanhado de uns poucos oficiais e soldados, quando prometera trazer pelo menos seis mil homens da guarnição do Mato Grosso, da qual acabava de ser afastado. É que, também surpreendentemente, Klinger se submetera sem reação alguma à punição que lhe foi imposta, entregando o comando da tropa que lhe era obediente.
Algumas de suas iniciativas nunca chegaram a tornar-se públicas, como a proposta que apresentou ao ministro da Marinha, almirante Protógenes Guimarães, no dia 12 de agosto, quando os revolucionários paulistas ainda se sentiam em plenas condições de vencer. Segundo tal proposta, encaminhada a Protógenes por um emissário secreto, caberia ao almirante depor Getúlio, para depois ambos decidirem a quem entregar o governo até a realização de eleições.
Protógenes rejeitou a oferta (que seria depois denunciada por Getúlio como tentativa de promover a cizânia entre os que lhe eram leais). Mas foi por seu intermédio que, cerca de um mês depois, Klinger tomaria a iniciativa de propor um armistício à ditadura, sem consultar nem o governo de São Paulo nem os comandantes das várias frentes de luta, que só souberam de suas intenções quando ele já as havia comunicado ao inimigo.
Fonte: Jornal O Estado de S. Paulo - Quinta - feira, 8 - 7 - 1982 - Jornal da Tarde - página 7.