domingo, 27 de outubro de 2013

Relatos da História III

Vitoriosa a Revolução, tem início a reorganização do Estado. Vargas, presidente provisório, nomeou interventores para os estados-membros. Para quase todos nomeou "tenentes": na Bahia, Juracy Magalhães; em Sergipe, Maynard Gomes; no Distrito Federal, Pedro Ernesto; no Rio Grande do Sul, Flores da Cunha, enquanto que em alguns eram nomeados civis ou confirmados aqueles que tinham tomado posse.
Nem bem assentou a poeira, os derrotados, as oligarquias da República Velha trataram de abandonar suas velhas lideranças e correr para estes novos chefes, principalmente para os "tenentes", a fim de assegurar as suas posições.
Em São Paulo, as forças revolucionárias entraram em conflito. O Partido Democrático, constituído em fevereiro de 1926 por adversários do presidente Washington Luís, chegou a integrar-se à Aliança Liberal nas eleições de 1930 e a preparar a revolução neste estado. Com a vitória do movimento, os democráticos esperavam que o interventor de São Paulo viesse do seu partido e, ainda mais, esperavam "desempenhar um papel de destaque na administração do estado em cooperação com outras correntes reformistas". Mas os líderes revolucionários, principalmente os "tenentes", pensavam diferente. Alegavam que a ação do Partido Democrático, durante o movimento revolucionário, ficara apenas no terreno das palavras e, por esse motivo, opunham-se a entregar o poder estadual aos democráticos ou a qualquer político paulista.

PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

domingo, 20 de outubro de 2013

Relatos da História II

O ministério de Vargas mostrava a heterogeneidade das forças que apoiaram e conduziram a Revolução de 1930. Integravam o ministério elementos do movimento tenentista, como Osvaldo Aranha e Juarez Távora, membros da Junta Governativa, além de elementos das oligarquias dissidentes do antigo regime, forças que, unidas pelo mesmo objetivo, divergiam quanto aos rumos da revolução.
Os "tenentes" desejavam reformas radicais, que, segundo eles, só poderiam realizar-se com a quebra do poder das oligarquias e com o prolongamento da ditadura. Por outro lado, as oligarquias também desejavam reformas, desde que estas não alterassem as estruturas da sociedade brasileira e restabelecessem o jogo político rompido em 29.
É este quadro, o do confronto de forças tão antagônicas, que determinou a ação de Vargas à frente do governo Provisório. Ao mesmo tempo que endossava o projeto político de restabelecimento do estado de direito no país, mantinha fechadas as Casas Legislativas em todos os níveis. Quando concordava com a necessidade da convocação de uma Assembleia Constituinte, aproximava-se das oligarquias, pois, para elas, a convocação desta assembleia significava a possibilidade de retomar as posições políticas perdidas após a Revolução de 30. Com a mesma facilidade aproximava-se dos "tenentes" e de seu projeto político de centralização.
Com esta postura, Vargas permitiu a polarização das forças políticas que compunham o seu governo. De um lado os "tenentes", que fundaram em 1931 o Clube 3 de Outubro; do outro, as oligarquias preteridas ou excluídas do poder, que agruparam-se, em São Paulo, no Partido Democrático (PD).
Esta postura, nem moderada e tampouco centrista, mas ambígua, também era assumida por Vargas em relação às questões econômica e social. Ao mesmo tempo em que retirava o comando da política cafeeira da esfera estadual, substituindo o Instituto do Café do Estado de São Paulo pelo Conselho Nacional do Café, mais tarde Departamento Nacional do Café (1933), Vargas procurava atender aos interesses da burguesia cafeeira, pois o café era o principal produto de exportação. Quanto à questão social, a postura do governo Vargas não foi diferente. Se não tratava o problema social como um simples caso de polícia, procurava controlá-lo com os instrumentos de representação profissional, dos sindicatos oficiais, apolíticos e numericamente restritos". Enfim, adotava medidas com o objetivo de esmagar o movimento sindical brasileiro.


Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.

sábado, 12 de outubro de 2013

Relatos da História I

A vitória do candidato , Júlio Prestes, nas eleições à presidência do Brasil, em 1929, desencadeou um movimento armado, que culminou com a queda do governo. Só que este movimento, conhecido como "Revolução de 1930", representou não só a queda de um governo, mas "a queda do poder hegemônico que a burguesia cafeeira detinha sobre o aparelho do Estado".
Em 24 de outubro, Washington Luís, o último presidente da República Velha, foi substituído por uma Junta Governativa Provisória, integrada pelos generais Tasso Fragoso e João de Deus Mena Barreto e o almirante Isaías de Noronha. No mesmo dia organizaram um novo ministério, do qual faziam parte Paulo Morais de Barros, José Fernandes Leite de Castro, Afrânio de Melo Franco e Gabriel Loureiro Bernardes.
A nomeação deste ministério, bem como as medidas legislativas adotadas pela Junta Governativa demonstravam suas pretensões de permanecer no poder.
Longe da capital da República, mas não alheio ao que nela se passava, Getúlio Vargas, o chefe dos revolucionários, enviou um telegrama à Junta Governativa, logo após a sua posse, com o seguinte teor: "Sou apenas uma expressão transitória dessa vontade coletiva. Membros da Junta do Rio de Janeiro serão aceitos como colaboradores, porém não como dirigentes, uma vez que seus elementos participaram da Revolução quando esta já estava virtualmente vitoriosa".
Se Vargas não deixava bem claras as suas aspirações quanto à chefia do Governo Provisório, o coronel Góis Monteiro, chefe militar das forças revolucionárias, ao enviar um telegrama à Junta, declarava quem o novo governo deveria ter por chefe: o senhor Getúlio Dornelles Vargas. Era a condição para que o estado de beligerância fosse suspenso.
No dia 3 de novembro, às dezesseis horas, o general Tasso Fragoso, membro da Junta Governativa, entregou o governo a Getúlio Vargas. Na condição de presidente provisório, Vargas deu posse, no mesmo dia, ao seu ministério. Um ministério que "não agradou a todos os líderes do movimento revolucionário, mas, é claro que, para contentar a todos os que se julgavam com direito a um posto no Ministério seriam necessárias pelo menos cem pastas. Não obstante, para satisfazer as reivindicações dos mineiros e dos gaúchos, (...) foram criados mais dois ministérios: o da Educação, para o mineiro Francisco Campos (...) e o do Trabalho, Indústria e Comércio, para o gaúcho Lindolfo Collor".

Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista.São Paulo:Editora do Brasil S/A.1989.

sábado, 5 de outubro de 2013

Canção do Soldado Constitucionalista

Canção do Soldado Constitucionalista

Marca o passo, soldado, não vês
Que esta terra foi ele que fez?
Que o teu passo é compasso seguro
De um passado, um presente e um futuro?

Marcha, soldado paulista,
Marca o teu passo na história!
Deixa na terra uma pista:
Deixa um rastilho de glória!

Vê soldado que grande tu és!
Tua terra se atira aos teus pés!
Estremece de orgulho e ergue os braços:
Ergue braços de poeira a teus passos.

Autor: Guilherme de Almeida - "Príncipe dos Poetas"