O comando supremo das forças constitucionalistas estava nas mãos do general Bertoldo Klinger, que colocou o seu Quartel-General na capital paulista e concentrou as tropas em duas frentes; uma, a 2ª Divisão de Infantaria de Operações, sob o comando do coronel Euclides Figueiredo, estava concentrada no vale do Paraíba, enquanto a outra estava na fronteira São Paulo-Paraná, dividida em dois núcleos: o do Baixo Paranapanema, sob o comando do coronel reformado Pedro Dias de Campos, e o de Itararé, sob o comando do coronel Brasílio Taborda. Enquanto seus oficiais ocupavam-se da elaboração dos planos de batalha, o general Klinger procurava atender às necessidades logísticas das forças constitucionalistas, numa política de "despir um santo para vestir outro".
Isolado, sem apoio de outros estados, com os seus portos fechados, desde o dia 11 de julho, pelas forças legalistas e sem o reconhecimento do estado de beligerância por outras nações, São Paulo precisou adaptar o seu parque industrial às novas necessidades - produção de material bélico. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), sob a presidência de Roberto Simonsen, mobilizou as indústrias paulistas na produção de capacetes, armas, munições, carros de combate, a fim de atender às tropas paulistas. Indústrias como a Fábrica Nacional de Cartuchos e Munições, do Grupo Matarazzo, seguida pelos Instituto de Engenharia, Instituto de Tecnologia, Companhia Paulista de Estrada de Ferro e todas as oficinas em condições de adaptação à indústria de armamentos foram de grande contribuição à causa paulista. Todo o esforço das indústrias paulistas materializou-se, no início de agosto, numa produção diária de 70.000 cartuchos de munição de infantaria, 4.000 granadas de mão, além de granadas de artilharia, bombas de aviação, máscaras de gás e carros de assalto.
Se faltava material bélico, não faltavam homens para a luta. No início da guerra, as forças constitucionalistas contavam com um contingente militar de, aproximadamente, 7.000 soldados do Exército da 2ª Região Militar, pouco mais de 12.000 reservistas de primeira categoria e com 8.000 homens da Força Pública do Estado. Em resposta às intensas propagandas cívicas, organizadas pelo M.M.D.C., populares inscreveram-se como voluntários, engrossando as fileiras constitucionalistas, que chegaram a contar com 20.000 homens em armas. Nem todos os voluntários puderam ser aproveitados, muitos nem sabiam manejar um fuzil e, além do mais, faltava material bélico.
Nem todos os esforços conseguiram garantir a São Paulo os recursos necessários a sua continuidade na luta que empreendera. Um exemplo da inferioridade material e do desespero dos constitucionalistas foi a utilização das "matracas". Inventada por engenheiros paulistas, as "matracas" consistiam em uma prancheta de madeira com uma lâmina de aço e roda dentada, que produzia um som semelhante ao de um metralhadora.
Não pensem que a situação no exército legalista era diferente. Embora contassem com maiores recursos, escreveu S. Hilton que, diante dos estoques insuficientes, "os quartéis-generais, enquanto pressionavam o Rio de Janeiro, só podiam instar as tropas a serem cuidadosas em não gastar munição inutilmente".
Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S.A. 1989.