sábado, 28 de setembro de 2013

O Desastre de Eleutério

(...) De Jaguary, então, o Coronel Eduardo Lejeune me enviava o seguinte telegrama:
"O desastre de hoje não é o décimo, nem será o último, infelizmente, dada a nossa esmagável inferioridade em armas. Amanhã Jaguary será bombardeada como Pedreira foi hoje, e depois Campinas e Jundiaí terão a mesma sorte, sem lograrem melhor defesa por absoluta falta de artilharia e aviação, bem como deficiência armas automáticas. Não se iluda, meu querido amigo, nem leve a mal esta fraqueza, explosão de lealdade de quem é muito paulista e grande admirador patriótico governo de São Paulo. Acabo pedir coronel Paiva para combinarmos outra linha resistência em vez daquela que traçou hoje rio Camanducaia - Guedes - fazenda Camanducaia - fazenda Fortaleza - fazenda Jaguary - fazenda Roseira e Entre Montes. Qualquer que ela seja, porém, será quebrada se em nosso socorro não virem armas iguais as do inimigo. Atenciosas saudações - (a) - Cel. Lejeune".(...)

Fonte: PICCHIA, Menotti del. A Revolução Paulista. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Pedreira em 15 de setembro de 1932

Pedreira em 15 de setembro de 1932:

Logo de manhã, tornou-se minha conhecida a extensão do pânico que a evacuação de Pedreira motivara. Com a ordem de recuo das trincheiras ao longo do rio Camanducaia, quase toda a tropa do Cor. Joviniano abandonara precipitadamente as suas posições em Conchal e proximidades de Posse e Ressaca. Chegou-se a largar, tombado na estrada, o auto blindado, ainda virgem da peleja. Joviniano, aborrecidíssimo, retirou-se para a Capital. Em consequência, o "Batalhão Piratininga" acabou de esfacelar-se. Os últimos rapazes, após a saída de Guedes e ida para a capital de seu comandante, recolheram-se ao Instituto Técnico, para se encorporarem a outra unidade.
Depois do desastre de Pedreira, iniciou-se novo período de calmaria nas linhas de fogo. Foi sempre assim, mais ou menos, em seguida aos nossos recuos indevidos. O invasor se encontrava tão a gosto, que repousava sobre cada vitória dois e três dias. Todavia, para não pouparem as populações, as pasarolas executavam vôos sobre Jaguari, Campinas, Jundiaí, bombardeando pontos de residências, como na segunda, a rua Campos Sales. Depois das proezas, voltavam a retaguarda, incolumes, orgulhosos, fazendo figuras acrobáticas.
Às 16 horas, alguém correu a avisar-me que se desembarcavam, na estação, seis canhões. Verifiquei a verdade do fato e pude falar com o Ten. Roldão, que fôra recebê-los. Garantiu-me que, ainda nessa noite, os faria cantar uma rapsódia bem entoada sobre o campo ditatorial.
De Morungaba recebi comunicação de que o Cor. Paiva expedira ordem, que já fora executada, de fornecimento de eletricidade para Amparo... Inexplicável: dar-se luz e força ao inimigo!
O Cap. Marchais mostrou-me um plano sugerido ao Cor. Paiva. Contava certo com uma ofensiva adversa, para a primeira madrugada. Podíamos impedi-la, indo atacar Amparo e Coqueiros. O comandante alegou descrença em nossa gente. "Entretanto concordava em que se tentasse o golpe. Bem encaminhado, garantirá êxito."
A nossa "Coluna Prudente de Morais" foi solicitada a colaborar no dispositivo.

LEITE, Aureliano. Martírio e Glória de São Paulo. 1943.