Num ambiente agitado, onde a palavra de ordem era a luta pela convocação de uma Assembleia Constituinte, os comícios e as passeatas sucediam-se, sobretudo nos meios estudantis. Quando, na noite do dia 23 de maio, o interventor Pedro de Toledo anunciou o seu secretariado formado por democráticos e perrepistas, dando um golpe nas pretensões tenentistas em São Paulo, populares festejaram com grande entusiasmo. Escreveu mais tarde Euclides Figueiredo: "Não há descrição possível para o delírio com que o povo acolheu a magna resolução; as manifestações populares prolongaram-se noite adentro na capital paulista."
Foi justamente no prolongamento desta festa que ocorreu uma série de incidentes, entre eles a depredação dos jornais A Razão e Correio da Tarde, ambos de tendência tenentista e favoráveis a Vargas. O entusiasmo popular fez suas vítimas. Após o empastelamento dos jornais, a multidão, pela rua Barão de Itapetininga, alcança a Praça da República, onde decide atacar a sede da Legião Revolucionária, transformada em Partido Popular Paulista, chefiados por Miguel Costa. O choque entre os membros do Partido Popular e a multidão eufórica resultou na morte dos estudantes Cláudio Bueno Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Souza e Américo Camargo de Andrade.
As iniciais dos nomes dos estudantes mortos deu origem a uma organização paramilitar secreta e civil - o M.M.D.C., que unificou os diversos grupos revolucionários paulistas e desempenhou ativo papel durante os combates. Integrado por centenas de técnicos, o M.M.D.C. - o Mata Mineiro Degola Carioca - ocupou-se da direção do abastecimento, saúde, correio militar, propaganda, intendência, mobilização e serviços auxiliares.
As mulheres também tiveram sua participação nesta guerra. Em seu livro A Revolução de 32, Hernani Donato arrola a contribuição da mulher paulista: - 72.000 mulheres trabalharam como voluntárias somente nas oficinas de costura; - tais oficinas produziram, em 20 dias, 60.000 fardamentos. Até o último dia de setembro, 450.000; - damas da alta sociedade e proletárias uniram-se em salas de trabalho e em enfermarias para confeccionar fardamento, agasalhos, preparar material curativo e assistencial; - por toda parte abriram-se as Casas do Soldado, confiadas a grupos femininos locais. Ali eram recebidos, alimentados, tratados e assistidos os soldados em trânsito, em licença, em convalescença ou desmobilizados; - os grupos assistenciais integrados por mulheres procuravam e atendiam as famílias dos soldados combatentes em todas as suas necessidades; - elas encarregaram-se da propaganda das Campanhas do Ouro para o bem de São Paulo; - e mesmo, não oficialmente, integraram grupos secretos que tricotavam, costuravam ou adquiriam saias e peças mais íntimas do vestuário feminino, remetendo-as, com não muita discrição, aos rapazes válidos e em idade guerreira que não se decidiam a procurar os postos de alistamento.
Fonte: PEREIRA, Marcos Aurélio. Revolução Constitucionalista. Editora do Brasil S/A. 1989.